Há bolos que pesam na consciência. O Brownie do Dubai, por exemplo, parece um abraço docinho da nossa avó mas deixa-nos a sentir com peso na consciência por não visita-la mais vezes. Já o bolo de claras de tabuleiro, é mais fofinho, literalmente: é leve, cheio de ar, menos doce quase como se fosse um bolo que foi ao crossfit. É daqueles doces que dá para comer uma fatia sem sentir que vais precisar de confessar ao teu PT no próximo treino.

E, convenhamos, é uma ótima desculpa para usar aquelas claras que ficaram esquecidas no frigorífico depois de terem feito uma carbonara “à Gordon Ramsay” (com natas… shame on you).

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Bolo de claras de tabuleiro

O bolo de claras em tabuleiro resume séculos de inovação na pastelaria, representando a transformação dos bolos leves, servidas em festas ou como forma de aproveitar claras em excesso
Prato: Sobremesas
Cozinha: World
Dieta: Flexitarian
Nº de doses: 25

Ingredientes

  • 350 g manteiga
  • 600 g açúcar amarelo
  • 650 g farinha
  • 430 g leite gordo
  • 350 g claras 12 claras
  • 30 g fermento
  • 200 g chocolate negro
Alergénicos: ovos,

Preparação

  • Derreter a manteiga e reservar.
  • Juntar o fermento com a farinha numa taça de inox à parte e reservar.
  • Bater a manteiga com o açúcar amarelo numa taça de inox grande.
  • Juntar alternadamente o leite e a mistura de farinha com fermento na taça com açúcar e manteiga previamente batidos para formar a massa do bolo.
  • Picar o chocolate em pepitas.
  • Juntar o chocolate à massa do bolo
  • Bater as claras em castelo.
  • Adicionar 1/3 das claras em castelo à massa do bolo e misturar bem.
  • Adicionar o resto das claras e envolver delicadamente para manter o ar o mais possível.
  • Colocar num tabuleiro de forno com papel vegetal.
  • Cozer em forno pré-aquecido a 160ºC durante 25 minutos.

Notas do Chef:

  1. Claras em Castelo, versão Michelin
    O truque aqui é não tratar as claras como se fossem cimento. Bate até ficarem bem firmes, mas sem transformar a cozinha num set do Top Gun. Misturar alternadamente e delicadamente é a chave para aquele bolo fofinho e arejado.
  2. Tabuleiro e papel vegetal: o seguro de vida do bolo
    Este bolo tem tendência para colar-se mais do que aquele amigo que nunca percebe a dica para ir embora. Papel vegetal e uma boa untada garantem um descolar elegante, sem dramas.
Nutrition Facts
Bolo de claras de tabuleiro
Amount per Serving
Calories
381
% Daily Value*
Fat
 
16
g
25
%
Saturated Fat
 
10
g
63
%
Trans Fat
 
0.5
g
Polyunsaturated Fat
 
1
g
Monounsaturated Fat
 
4
g
Cholesterol
 
32
mg
11
%
Sodium
 
249
mg
11
%
Potassium
 
137
mg
4
%
Carbohydrates
 
49
g
16
%
Fiber
 
2
g
8
%
Sugar
 
27
g
30
%
Protein
 
6
g
12
%
Vitamin A
 
381
IU
8
%
Calcium
 
106
mg
11
%
Iron
 
2
mg
11
%
* Percent Daily Values are based on a 2000 calorie diet.
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História e Cultura do bolo de claras

O bolo de claras em tabuleiro tem raízes na história dos bolos tipo pão-de-ló, que estão entre os primeiros a utilizar claras batidas como agente de levedação, conferindo uma textura leve e arejada. As primeiras referências ao uso de claras em bolos remontam ao século XVI em Itália, técnica que se difundiu pela Europa e mais tarde pela América do Norte ao longo dos séculos seguintes.

Origens Históricas

A primeira menção ao uso de claras batidas em bolos surge em Itália por volta de 1570, marcando uma rutura com os bolos densos de fermentação por levedura.

No final do século XVIII, receitas que utilizavam apenas ovos (especialmente claras batidas) como agente de fermentação popularizaram-se em Génova, Espanha e, mais tarde, em Inglaterra e na América.

O formato em tabuleiro (“sheet cake”) surge mais tarde, já no século XIX, fruto do avanço tecnológico nos fornos e formas, permitindo cozinhar bolos maiores e mais rasos para festas ou grandes grupos.

Evolução dos bolos de claras

O famoso “angel food cake” americano — à base exclusivamente de claras batidas — ganhou destaque no final do século XIX, sendo reconhecido pela sua textura fofa e alveolada, típica de bolos sem gordura nem gemas.

Bolos de claras em formato de tabuleiro evoluíram em paralelo com outros bolos deste tipo, à medida que padeiros adaptavam técnicas ancestrais a formatos práticos para servir multidões, festas e eventos comunitários.

Características e Popularização

Estes bolos são apreciados pela leveza, textura macia e doçura suave, frequentemente acompanhados por coberturas de fruta, cremes ou merengues de claras.

O bolo de claras de tabuleiro tornou-se mais acessível e comum no século XX, graças à massificação do açúcar, das farinhas refinadas e das formas normalizadas, mantendo-se popular tanto em Portugal como nos EUA para aproveitar claras em excesso, sobretudo em contextos familiares ou conventuais.

Em suma, o bolo de claras de tabuleiro é resultado de séculos de inovações técnicas na pastelaria, marcando a evolução dos bolos leves desde as receitas conventuais e europeias até às versões modernas servidas em grandes ocasiões ou como aproveitamento de claras

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O bolo de claras de tabuleiro e a sustentabilidade? sim, dá para justificar

O bolo de claras de tabuleiro até pode ser sustentável. Não, não estamos a dizer que devem trocar o prato de salada por uma fatia de bolo (embora apetecesse). Mas há aqui duas coisas interessantes:

  1. A lógica do aproveitamento – Usar bem os recursos, respeitar ingredientes e evitar desperdícios. Este bolo faz exatamente isso: aproveita claras “perdidas” e transforma-as numa sobremesa deliciosa. Sustentabilidade açucarada, digamos assim.
  2. O equilíbrio dos 20%/80% – O bolo de claras de tabuleiro encaixa perfeitamente na filosofia: 20% de esforço, 80% de sabor. Não é preciso técnicas mirabolantes ou de equipamentos caríssimos, só de uma batedeira e boa disposição. O resultado é fofinho, húmido e irresistível. E se meteres chocolate negro (como nesta versão), ainda dás aquele ar de que estás a ser saudável. “É antioxidante”, podes sempre dizer, enquanto devoras a terceira fatia.

Porque é que este bolo funciona?

Há receitas que são só sorte, mas este bolo é ciência doce. Eis porque resulta tão bem:

  1. As claras em castelo – Elas são as responsáveis pela leveza, criam a tal estrutura aerada que dá ao bolo aquela textura de nuvem.
  2. A manteiga e o açúcar – A base cremosa que traz humidade e sabor, equilibrando a leveza com aquele conforto indulgente.
  3. O chocolate negro – Um extra que não só dá aquele contraste amargo-doce como te faz sentir menos culpado. Afinal, toda a gente sabe que o chocolate negro “faz bem ao coração”… ou pelo menos à alma.

Um toque pessoal

Na WEAT, adoramos pegar nestes clássicos e ligá-los ao nosso propósito: cozinhar de forma sustentável, simples e divertida. O bolo de claras de tabuleiro é a prova de que a tradição pode ser amiga da modernidade – dá-nos um doce para partilhar, sem grandes complicações, e lembra-nos que cozinhar em casa não tem de ser uma dor de cabeça.

E sejamos francos: se são viciados em bolachas processadas este bolo, já é um upgrade gigante na vossa alimentação.

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