Toda a gente diz “devias comer mais sopa”? e pensam que sopa é só água morna com vegetais esquecidos, Preparem-se para serem desmentidos com classe com esta sopa de abóbora, cenoura e gengibre, pois fizémos em vários workshops, e a reação foi sempre a mesma: “Isto é sopa ou magia líquida?” É a prova de que menos esforço, mais sabor, o mantra secreto da gastronomia sustentável que nos move na WEAT Food for Thought.

Ingredientes
- 250 g cebolas
- 10 ml azeite
- 10 G gengibre fresco
- 10 G alho 4 dentes
- 1 kg courgettes opcional trocar por batatas
- 1 kg abóbora
- 1 kg cenoura
Para servir
- 5 g cominhos
- 5 g pimentão doce
- 20 g sementes de abóbora
- 10 g salsa
Preparação
- Em azeite quente, refogar a cebola cortada grosseiramente.
- Quando as cebolas alourarem, adicionar alho fatiado.
- Adicionar as courgette e deixar refogar um pouco.
- Adicionar as cenouras e abóbora fatiadas (quanto mais finas, mais depressa cozem).
- Adicionar água a ferver até cobrir os vegetais.
- Triturar até ficar um creme aveludado com um pouco de gengibre
- Servir com uma lágrima de natas, creme fraiche ou azeite, pimentão doce ou cominhos, salsa picada e sementes de abóbora salteadas.
Notas do Chef:
- Escolha dos vegetais
– Prefiram abóboras da época, doces e firmes. Cenouras bem aromáticas e batatas ou courgettes para dar corpo ao creme. Quanto mais frescos, mais intenso o sabor. - Gengibre: o toque mágico
– Fresco, ralado na hora, é o segredo da vivacidade da sopa. Comecem com pouco e vão ajustando ao final: gengibre é tipo piada de tios no Natal: demasiado, estraga o ambiente. - Refogado inicial
– Não subestimem a caramelização da cebola: dourar lentamente com azeite é como colocar a base de uma sinfonia. O alho entra depois, evitando queimar e criar amargor. Se quiserem, podem ainda caramelizar a courgette para intensificar ainda mais o sabor. - Textura cremosa
– Triturem bem, idealmente num robot de cozinha para ficar bem cremoso. Usar batatas ajuda a ligar melhor, mas courgettes, faz o prato mais leve. - Toque final
– O que diferencia uma sopa boa de uma sopa épica são os toppings: um fio de bom azeite, sementes de abóbora tostadas, pimentão doce ou cominhos e salsa fresca. É o “ritual final” que faz todos dizerem: “quem fez esta sopa sabe coisas que eu não sei.” - Dica de workshop
– Esta sopa é perfeita para team building: cada participante pode escolher toppings, ajustar temperos e ver o efeito imediato de uma colherada bem feita. Além de deliciosa, ensina coordenação, gosto e criatividade.
História: as civilizações nasceram das sopas?
Vamos viajar até à pré-história: o Homo sapiens descobre o fogo e pensa — “então agora, o que ponho neste caldeirão?” E a sopa nasceu.
Caldos mais ricos, mais pobres, depois sopas robustas, com legumes proteína e até para aproveitar pão duro, as sopas sempre foram um aproveitamento de tudo o que havia por casa antes do Uber Eats aparecer. Segundo o livro de história da alimentação, os hebreus têm registo de caldos com cereais e carne, os romanos misturavam hortícolas e azeite (claro), mas só na Idade Média é que “sopa” virou palavra oficial — vinda do teutónico “suppa”.
Esta sopa de abóbora, cenoura e courgette tem raízes mediterrânicas bem fincadas: abóbora, cenoura e batata (depois dos descobrimentos) eram os vegetais que enchiam as mesas das aldeias europeias durante séculos. A abóbora, humilde e subestimada, era o verdadeiro herói das cozinhas rurais — resistente, nutritiva e capaz de alimentar famílias inteiras sem criar dramas logísticos.
Não há cozinha portuguesa sem sopa, e cada canto do país inventou o seu. A de abóbora é filha das hortas, celebrada em toda a Península Mediterrânica, adoptada nos trópicos, e usada em festas populares — há até “Soup Joumou”, símbolo da independência do Haiti. Cá no burgo, serve para tudo: do jantar da avó ao detox do escritório.
O gengibre, por outro lado, é o visitante elegante que veio da Ásia pelas Rotas das Especiarias, trazendo calor, aroma e aquele zing que transforma a sopa de “bom” em “quero repetir”. Misturar ingredientes locais com um tempero que atravessou continentes é, na nossa perspetiva, uma pequena viagem histórica em cada colherada.
E aqui vai a primeira dica de chef para vocês: o segredo do aroma não está apenas no gengibre fresco, mas no equilíbrio entre a doçura natural da abóbora e cenoura e o toque picante do gengibre. A química acontece mesmo antes de provarem: açúcares naturais + compostos aromáticos do gengibre = festa sensorial.

Sopa, a dieta mediterrânica e sustentabilidade
Sabemos que 80% do impacto ambiental da alimentação vem de um pequeno punhado de escolhas. Esta sopa — amigos, é campeã: cheia de legumes locais, fibras, água, pouca pegada de carbono e nada de carne.
Esta sopa é praticamente a emblema líquida da dieta mediterrânica: vegetais da época, frescos, coloridos, nutritivos e de fornecedores locais sempre que possível. É aquele prato que alimenta e faz sentir bem por dentro e por fora. Perfeita para os vossos almoços no trabalho, workshops de sustentabilidade, e para aquela fase em que prometem “esta semana é que começo a comer melhor”. Cada colherada contribui para a saúde, para o planeta e para a vossa boa disposição (tema central da dieta mediterrânica!).
Fun facts: coisas que podem dizer no elevador
- Sabiam que há quem use casca de abóbora para construir vasos em África e China?
- O gengibre era usado na farmácia medieval para curar tudo e mais alguma coisa, incluindo ressacas de jantares de equipa.
- Sopa de legumes é um dos pratos mais consumidos em toda a Europa e considerado “conveniente, económica, saudável e fácil de digerir” desde 1882.
“Eu adoro gengibre e a quantidade que usei nesta receita resulta numa sopa bem spicy. É óbvio que podem ajustar a gosto.” — Marta Horta Varatojo
Porque é que esta sopa funciona?
- Doçura natural: A abóbora (cremosa, aromática) e a cenoura (doce, sedosa) unem-se para criar uma base “velvet”, capaz de acalmar qualquer alma.
- Azeite: O ouro líquido da dieta mediterrânica. Dá o toque untuoso, liga tudo. Quem não gosta de azeite provavelmente já desistiu de ser feliz.
- Gengibre: O twist. Traz aroma, zesto, um punch picante. E, alegadamente, ajuda à digestão das piadas que contamos enquanto cozinhamos.
- Sementes de abóbora: Crocância, uns antioxidantes… e, honestamente, servem para fingir que esta sopa é gourmet.
- Minimalismo: A receita é um tratado sobre “menos é mais”. Toca a triturar, salpicar e servir — sem complicações, sem livros de culinária gigantes, sem chef Michelin escondido na cozinha.
E pronto, está feito — sopa para todos, piadas incluídas e zero desculpas para não cozinhar. Afinal, estamos aqui para transformar o vosso tacho na vossa melhor história de equipa!